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Análise dos Primeiros 100 Dias do Governo Trump

Salvador, 29 de abril de 2025 – Os primeiros 100 dias do segundo mandato de Donald Trump foram marcados por uma combinação de continuidade em sua agenda conservadora e medidas controversas que intensificaram debates nacionais e internacionais. Este período forneceu indícios claros sobre os rumos que o governo pretende seguir nos próximos anos, com ênfase em políticas de segurança, economia e relações exteriores.

Uma das áreas de maior destaque foi a política migratória. Trump recorreu a uma lei de 1798 para justificar deportações em massa, incluindo a exibição de imagens polêmicas de repressão a imigrantes durante o comício de 100 dias em Warren, Michigan. O comício reforçou o clima de campanha permanente que tem marcado a gestão de Trump, com banners como “The Golden Age” (Era de Ouro) e gritos de “USA! USA!”. Essas medidas polarizaram a opinião pública: metade dos americanos acredita que o presidente foi “longe demais” em suas ações. Embora a administração defenda tais ações como necessárias para garantir a segurança nacional, os críticos argumentam que elas comprometem direitos humanos e relações diplomáticas.

No campo econômico, Trump renovou sua promessa de cortes significativos nos impostos, mas essa abordagem tem gerado preocupações entre analistas devido ao aumento da dívida pública, que atingiu US$ 36,6 trilhões. A promessa de alívio fiscal, combinada com críticas ao Federal Reserve e a seu presidente, Jerome Powell, reflete um desafio persistente de equilibrar expansão econômica com responsabilidade fiscal. Especialistas alertam para o risco de uma recessão caso as medidas fiscais não sejam acompanhadas por políticas de controle de gastos.

As políticas comerciais globais de Trump nos primeiros 100 dias foram extremamente polêmicas e causaram grandes repercussões diplomáticas e econômicas. As “tarifas recíprocas” e o aumento progressivo de tarifas sobre importações chinesas para 125% aprofundaram as tensões com Pequim, enquanto a suspensão da isenção de impostos de minimis para pequenos pacotes importados da China gerou reações adversas. Essas medidas culminaram em quedas significativas nas bolsas de valores de diversos países e represálias comerciais por parte da China, incluindo tarifas semelhantes sobre produtos americanos e restrições à exportação de terras raras.

Outros países também responderam de forma contundente: o Canadá estabeleceu tarifas de 25% sobre importações fora do CUSMA, enquanto a União Europeia suspendeu temporariamente tarifas planejadas de 25% sobre mais de 1.300 produtos americanos para abrir espaço para negociações. Atualmente, 32 países estão em processo de negociação com os Estados Unidos, enquanto outros 16 anunciaram medidas específicas em resposta às políticas comerciais americanas. Essas reações evidenciam o impacto global das medidas protecionistas americanas, que, ao mesmo tempo que buscam fortalecer indústrias nacionais, criam desafios para as cadeias de suprimento internacionais.

O governo também reforçou políticas de incentivo à indústria nacional, com subsídios direcionados à produção doméstica de semicondutores, minerais essenciais e produtos pesqueiros. A implantação de uma hierarquia tarifária, priorizando setores estratégicos como automotivo e de defesa, demonstra a intenção de proteger segmentos específicos contra a concorrência externa.

Apesar das iniciativas, Trump enfrentou uma queda em sua taxa de aprovação, de 47% em janeiro para 42% em abril. Esse declínio pode ser atribuído às políticas polêmicas e ao tom agressivo adotado em discursos, que alienaram parte da população. Por outro lado, sua base de apoio continua mobilizada, como demonstrado pelo entusiasmo observado em seus comícios e pelas campanhas temáticas como “The Golden Age”.

Se por um lado sua agenda busca reafirmar a soberania e fortalecer indústrias nacionais, por outro, as repercussões internacionais e as divisões internas sugerem um caminho turbulento pela frente, inclusive, boa parte do seu eleitorado tem expressado preocupação com a agenda imposta nesses primeiros 100 dias. Os próximos meses serão cruciais para avaliar a capacidade do governo de mitigar os impactos de suas medidas e garantir estabilidade tanto no plano doméstico quanto internacional.

Artigo por Fernanda Chaves.

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