domingo, junho 8, 2025
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Auditoria do INSS aponta 1,9 milhão de pedidos para excluir desconto

Demanda acaba por impactar na fila de espera por benefícios

Uma auditoria interna do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) revelou prejuízos administrativos e financeiros decorrentes de descontos não autorizados de mensalidades associativas aplicados a benefícios previdenciários. O relatório integra a investigação da Operação Sem Desconto, deflagrada na semana passada pela Polícia Federal (PF), e teve parte de seu sigilo suspenso nesta segunda-feira (28).

De acordo com os auditores, os descontos indevidos aumentam significativamente a demanda de atendimento no INSS, já que os beneficiários procuram o órgão para cancelar os valores cobrados indevidamente. Esse cenário tem contribuído para o agravamento da fila de espera por atendimento no instituto.

Impacto na Rotina do INSS

Entre janeiro de 2023 e maio de 2024, o INSS recebeu 1,9 milhão de requerimentos solicitando o cancelamento, bloqueio ou desbloqueio desses descontos. Isso representa 16,6% de todos os pedidos recebidos pelo órgão nesse período. Os técnicos estimam que o esforço necessário para atender a essas demandas consumiu o equivalente a 49.045 dias de trabalho de um servidor com jornada de 8 horas diárias.

A auditoria também aponta que cerca de 90% desses requerimentos afirmam que o beneficiário não autorizou os descontos, mesmo assim, as cobranças foram inseridas no sistema da Previdência.

“Assim, 1.056.290 requerimentos para excluir mensalidade, no período de janeiro de 2023 a maio de 2024, poderiam ter sido evitados se o consentimento do suposto beneficiário do desconto associativo tivesse sido adequadamente colhido, ou seja, se o regramento tivesse sido cumprido pelo INSS e pelas entidades associativas”, diz o relatório.

Prejuízo Financeiro

A auditoria também calculou o impacto financeiro causado pela operação indevida desses descontos. Segundo o documento, o prejuízo ao INSS foi de R$ 5,9 milhões, valor relacionado ao processamento das demandas, que, por norma, deveriam ser custeadas pelas entidades associativas.

Apesar dos acordos firmados preverem que os custos operacionais sejam pagos pelas entidades, a ausência de contrato direto com a Dataprev, empresa de tecnologia da Previdência Social, faz com que a despesa recaia sobre o INSS.

“A Dataprev, por sua vez, confirmou que os custos decorrentes dessas demandas são pagos pelo INSS, pois não existe contrato entre a empresa de processamento de dados e as entidades associativas. Além disso, esclareceu que o custo operacional que a empresa informa ao INSS mensalmente corresponde a R$ 0,10 para cada consignação e que este valor foi definido pela autarquia”, aponta o relatório.

Posição do INSS

Em resposta à Agência Brasil, o INSS informou que não comenta decisões judiciais em andamento. Em nota divulgada após o início da operação, o instituto esclareceu que das 11 entidades sob investigação, apenas uma assinou acordo em 2023, e destacou que os descontos “vinham ocorrendo em governos anteriores”.

A Operação Sem Desconto segue em andamento e investiga se houve práticas ilegais por parte das entidades que se beneficiaram da inclusão irregular de descontos em folha, além de possíveis falhas na fiscalização por parte do INSS.

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