A Ucrânia disse que chegou a um acordo “preliminar” para transferir a receita de alguns de seus recursos minerais para os Estados Unidos nesta quarta-feira (26).
O acordo foi proposto pelo presidente americano, Trump, há duas semanas como uma troca pela ajuda militar dos EUA e o pagamento pelos bilhões de dólares em ajuda a Kiev durante a guerra.
O presidente ucraniano, que tem uma viagem prevista para Washington nesta sexta-feira (28), vinha pedido garantias de segurança em troca dos direitos minerais, mas não está claro se essas demandas foram atendidas.
Uma cópia do rascunho do acordo, vista pela agência de notícias Reuters e datada de 25 de fevereiro, dizia: “O Governo dos Estados Unidos da América apoia os esforços da Ucrânia para obter as garantias de segurança necessárias para estabelecer uma paz duradoura”.
“O principal para mim é que não somos devedores. Não há dívida de US$ 500 bilhões no acordo, nem US$ 350, nem US$ 100 bilhões, porque isso seria injusto. Este acordo pode ser um grande sucesso ou pode passar silenciosamente. E o grande sucesso depende da nossa conversa com o presidente Trump”, diz Zelensky.
O primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmyhal, disse que o governo da Ucrânia irá autorizar a redação das propostas acertadas mais tarde nesta quarta, para que o texto, que ele descreveu como um acordo “preliminar”, pudesse ser assinado.
De acordo com uma fonte ucraniana informada sobre o conteúdo do acordo e contatada pela agência de notícias AFP, a reivindicação financeira de US$ 500 bilhões que havia sido feita pelos EUA inicialmente não está mais no texto, assim como outras cláusulas que haviam sido contestadas pelas autoridades da Ucrânia.
Ainda segundo a fonte, o texto do acordo incluiria uma referência à segurança da Ucrânia, mas nenhuma garantia concreta.
Enquanto as discussões sobre o acordo aparentemente avançam, o governo dos EUA também inicia negociações com a Rússia nesta quinta-feira (27), em Istambul.
O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que elas acontecerão para resolver disputas bilaterais que são parte de um diálogo mais amplo que os dois países consideram crucial para acabar com a guerra na Ucrânia.
Os mineirais na Ucrânia
A Ucrânia é responsável por cerca de 5% dos recursos minerais do mundo. Aqueles nos quais Trump está particularmente interessado não estão sendo explorados, são de difícil acesso ou estão localizados em território ocupado pela Rússia.
Segundo a AFP, o país produz três minerais essenciais em particular: manganês (oitavo maior produtor mundial, segundo o World Mining Data), titânio (11º maior produtor do mundo) e grafite (14º maior produtor), essencial para baterias elétricas.
O Serviço Geológico Francês afirma que a Ucrânia é também “um dos principais países da Europa em termos de potencial” para a exploração de lítio.
O governo ucraniano afirma ter “uma das maiores reservas” de lítio da Europa. Elas não estão sendo explorada atualmente, porque isso exigiria investimentos colossais.
Como exemplo, o governo ucraniano aponta que somente a exploração da mina de Novopoltavske, na região de Zaporizhzhia, exigiria um investimento de cerca de US$ 300 milhões, o equivalente a R$ 1,7 bilhão. O local teria apatita, tântalo, nióbio, estrôncio, terras raras e até urânio, mas tudo isso está em território ocupado pelos militares russos, e o Kremlin descartou ceder áreas sob seu controle.