O ambiente corporativo brasileiro está entre os que mais geram desgaste emocional no mundo. De acordo com o relatório People at Work 2023: A Global Workforce View, do ADP Research Institute, 67% dos trabalhadores no Brasil se sentem negativamente impactados pelo estresse no dia a dia profissional. O índice está acima da média global, de 65%, e aponta para uma realidade preocupante: a pressão, o excesso de demandas e a falta de equilíbrio entre vida pessoal e carreira têm comprometido a saúde mental da força de trabalho no país.
Segundo a neurocientista e psicoterapeuta Ana Chaves, o estresse prolongado no ambiente corporativo não deve ser tratado como algo pontual ou inevitável. “Quando o estresse se torna parte da rotina, ele interfere no funcionamento cerebral, prejudica a concentração, a memória e o desempenho geral. Com o tempo, esse acúmulo pode desencadear quadros de ansiedade, depressão e até sintomas físicos, como dores constantes, insônia e problemas cardíacos”, explica.
Para Ana Chaves, a origem do problema está em uma cultura corporativa que muitas vezes valoriza apenas produtividade e metas, negligenciando aspectos humanos fundamentais. Ela destaca que ambientes com liderança autoritária, ausência de diálogo, sobrecarga de tarefas, desvalorização salarial e jornadas extensas são férteis para o adoecimento emocional. “A saúde mental precisa ser uma pauta estratégica nas empresas. Ignorá-la custa caro — em afastamentos, baixa produtividade e perda de talentos”, alerta.
Essa necessidade de mudança de postura ganha respaldo legal com a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A partir de 26 de maio de 2025, todas as empresas no Brasil serão legalmente obrigadas a implementar ações específicas para promover a saúde mental dos colaboradores. A nova regra incorpora à legislação trabalhista a avaliação e gestão de riscos psicossociais, como estresse, assédio e sobrecarga de trabalho, tornando a atenção à saúde emocional uma responsabilidade formal das organizações.
A neurocientista ressalta ainda que os trabalhadores, individualmente, devem estar atentos aos sinais que indicam esgotamento emocional, como irritabilidade constante, falta de motivação, cansaço extremo e dificuldade para dormir. A prevenção, segundo ela, envolve ações simples, mas consistentes: respeitar os próprios limites, buscar momentos de descanso real, cuidar do corpo e da mente e, sempre que necessário, procurar apoio especializado.
“O dado da pesquisa global e a nova exigência legal deixam claro que promover o equilíbrio emocional nas empresas não é mais uma opção, mas uma necessidade urgente. Cuidar da saúde mental é essencial para a sustentabilidade dos negócios e, principalmente, para a qualidade de vida das pessoas que fazem essas organizações acontecerem”, conclui.
Quem é Ana Chaves
Neurocientista e psicoterapeuta renomada, Ana Chaves se dedica a estudar o funcionamento do cérebro humano e a capacitar indivíduos a alcançarem seu potencial máximo. Através de uma abordagem holística e científica, Ana inspira e orienta aqueles que buscam crescimento pessoal e profissional. Colabora com o UOL e Valor Econômico com colunas mensais sobre equilíbrio emocional e desenvolvimento humano. Também realiza palestras e mentorias, já tendo impactado a vida de mais de 5 mil pessoas.
Para mais informações: @oficialanachaves no Instagram