sábado, junho 7, 2025
spot_img
HomePolíticaEleições 2026: O dilema da polarização desgastada e o vazio de novas...

Eleições 2026: O dilema da polarização desgastada e o vazio de novas lideranças viáveis

Por Fernanda Chaves – Advogada eleitoral

A pesquisa Genial/Quaest, divulgada na última quinta-feira (5), reforça o que já vinha se delineando nos bastidores políticos: Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro continuam como os principais nomes na corrida presidencial de 2026. No entanto, ambos enfrentam sinais claros de esgotamento perante o eleitorado.

Nos oito cenários testados pela pesquisa, Lula aparece tecnicamente empatado com os principais nomes do campo da direita, incluindo Bolsonaro, que está inelegível até 2030. A polarização entre os dois permanece viva, mas demonstra sinais de desgaste. No segundo turno, a situação se repete: Lula e Bolsonaro registram empate com 41% das intenções de voto. Contra Tarcísio de Freitas, o petista marca 41%, enquanto o governador de São Paulo registra 40%. Frente à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, Lula obtém 43%, contra 39% de Michelle.

O dado mais relevante, entretanto, é o elevado número de indecisos, brancos e nulos, que oscilam entre 14% e 18%. Esse segmento do eleitorado deve ser o foco das próximas movimentações políticas, considerando seu potencial de definir o rumo das eleições.

Apesar de liderarem a disputa, Lula e Bolsonaro enfrentam críticas crescentes. A maioria dos entrevistados acredita que Lula não deveria concorrer novamente e que Bolsonaro deveria abandonar qualquer tentativa de candidatura própria para apoiar um novo nome. Entre o eleitorado geral, 65% consideram que o ex-presidente Bolsonaro deveria abrir mão da disputa. Até mesmo entre eleitores de direita (55%) e entre bolsonaristas mais fiéis (38%), há concordância com essa ideia.

Esses dados não indicam uma ruptura, mas refletem um incômodo que pode influenciar decisões estratégicas e impactar alianças.

Embora o desejo de renovação seja evidente, os nomes que surgem como alternativas ainda carecem de força política consolidada. Tarcísio de Freitas (17%) e Michelle Bolsonaro (16%) lideram as preferências no campo bolsonarista, seguidos por Ratinho Júnior (11%), Pablo Marçal (7%), Ronaldo Caiado (5%), Eduardo Bolsonaro (4%), Eduardo Leite (4%) e Romeu Zema (3%).

Essa fragmentação evidencia a dificuldade de um consenso dentro do próprio campo conservador, enquanto o campo progressista ainda gira em torno da figura de Lula. No entanto, a competitividade de Lula está longe de ser um favoritismo consolidado. Já Bolsonaro, apesar de inelegível, segue como um cabo eleitoral influente, mas enfrenta o desafio de construir uma sucessão viável.

Observe que a pesquisa demonstra elementos que sinalizam um momento de transição. O elevado número de eleitores indecisos e o cansaço com a polarização abrem espaço para um debate mais amplo sobre renovação política e representação. Para que as eleições de 2026 não sejam apenas uma repetição do passado, será crucial que os partidos apresentem projetos viáveis e candidatos que consigam captar as demandas de um eleitorado cada vez mais plural.

O tempo político é curto, e os desafios são imensos. A próxima eleição presidencial tem potencial para ser um divisor de águas na história política do Brasil, mas isso dependerá da capacidade das lideranças em traduzir visibilidade em viabilidade.

Fernanda Chaves é advogada, Especialista em Direito Eleitoral, atua com consultoria jurídica a diversas Câmaras e Prefeituras, ex-Procuradora Geral do Município, é Membro e Pesquisadora do LiderA (Grupo de Pesquisa sobre Liderança Feminina na Política nos Espaços de Poder do IDP – Brasília) e do Elas Pedem Vista (Brasília), formada pelo RENOVA BR.

RELATED ARTICLES

Deixe uma resposta

Por favor insira seu comentário!
Por favor insira seu nome aqui

- Advertisment -
Google search engine

Most Popular