Com o aumento expressivo de casos de diabetes e de doenças crônicas que afetam a mobilidade, cresce também o número de pessoas que sofrem com feridas de difícil cicatrização — entre elas, o chamado pé diabético, uma das complicações mais sérias da doença. Para a médica cirurgiã especialista em feridas, Gabriela Kruschewsky, o cuidado com a pele e com pequenas lesões deve ser parte essencial da rotina de quem convive com o diabetes e outras condições que comprometem a circulação.
Segundo a especialista, a prevenção é sempre o melhor tratamento. “A maioria das feridas em pés de pessoas com diabetes pode ser evitada com cuidados diários simples, como a inspeção dos pés, a hidratação adequada, o uso de calçados confortáveis e o corte correto das unhas”, orienta. Ela alerta que o simples hábito de cortar as unhas de forma errada pode causar ferimentos que se tornam porta de entrada para infecções, levando a complicações graves.
Além da prevenção, o acompanhamento médico regular é indispensável. Isso porque a cicatrização em pacientes diabéticos tende a ser mais lenta, devido à má circulação e à menor oxigenação dos tecidos, fatores que dificultam a regeneração da pele. “O excesso de glicose no sangue interfere na resposta imunológica e na capacidade do organismo de reparar ferimentos”, explica a médica.
Cuidados diários e alimentação
Entre as principais recomendações para evitar o pé diabético estão a higiene cuidadosa, o controle rigoroso da glicemia, o uso de meias de algodão e a hidratação da pele, que previne rachaduras e fissuras. A alimentação também desempenha papel crucial. “Nutrientes como proteínas, vitaminas A, C, E e o zinco são fundamentais para a cicatrização. Uma dieta equilibrada acelera a recuperação e reduz o risco de infecção”, ressalta a especialista.
Tratamentos avançados e equipe multidisciplinar
O tratamento das feridas crônicas tem avançado com o uso de tecnologias como curativos inteligentes, terapia por pressão negativa, laserterapia e oxigenoterapia hiperbárica, que aceleram a cicatrização e reduzem infecções. No entanto, o sucesso do tratamento depende de uma abordagem integrada. “O cuidado de feridas deve envolver uma equipe multidisciplinar — médicos, enfermeiros, nutricionistas e fisioterapeutas — todos trabalhando juntos para restaurar a saúde do paciente e melhorar sua qualidade de vida”, finaliza a especialista.

