A autoridade eleitoral central da Romênia, o BEC (Biroul Electoral Central), anunciou neste domingo (9) a rejeição da candidatura de Calin Georgescu, político de extrema direita e amplamente considerado pró-Rússia, para as eleições presidenciais de maio. A decisão ocorre meses após denúncias de interferência russa em sua campanha eleitoral, marcando um novo capítulo na polarização política do país.
Georgescu, de 62 anos, havia registrado sua candidatura na sexta-feira (7) e tinha a expectativa de ser formalizado como um dos nomes na disputa. O BEC, no entanto, decidiu barrá-lo, sem detalhar os motivos exatos da rejeição. O órgão informou que um documento completo explicando sua decisão será publicado em seu site, mas adiantou que a candidatura poderia ser contestada no Tribunal Constitucional em até 24 horas.
Reagindo à decisão, Georgescu classificou o veto como “um golpe direto no coração da democracia mundial”.

As Acusações Contra Georgescu
A candidatura de Georgescu enfrentava forte controvérsia desde o final de 2024, quando ele venceu o primeiro turno das eleições presidenciais, cujo resultado foi posteriormente anulado pelo Tribunal Constitucional. A anulação ocorreu após acusações de uma campanha online coordenada pela Rússia para favorecer sua vitória, o que teria influenciado de forma irregular o processo eleitoral.
No mês passado, promotores romenos abriram uma investigação criminal contra Georgescu, acusando-o de:
• Incitação contra a ordem constitucional
• Apoio a grupos fascistas
• Falsificação de financiamento de campanha eleitoral
• Ocultação de ativos pessoais
As investigações também apontam supostos gastos de campanha não declarados e irregularidades no uso de recursos. Georgescu, que nega todas as acusações, está atualmente sob controle judicial, o que restringe seus movimentos e atividades políticas.
O candidato, conhecido por elogiar Vladimir Putin e por declarações questionando a soberania da Ucrânia, também se tornou alvo de críticas por discursos que muitos consideram alinhados com os interesses de Moscou. Apesar disso, Georgescu insiste que não é pró-Rússia e acusa seus oponentes de orquestrar uma campanha de difamação.
Cronograma das Eleições
A Romênia realizará o primeiro turno das eleições presidenciais em 4 de maio. Caso nenhum candidato alcance a maioria absoluta, um segundo turno está previsto para 18 de maio. O prazo final para registro de candidaturas é 15 de março, o que ainda pode permitir que Georgescu tente reverter sua exclusão na Justiça.
Repercussões Internacionais
A decisão do BEC gerou reações intensas tanto dentro quanto fora da Romênia. Dezenas de apoiadores de Georgescu protestaram em Bucareste neste domingo, acusando o governo de censura e gritando “Liberdade” enquanto tentavam romper as barreiras policiais na entrada do escritório eleitoral.
Nos Estados Unidos, o vice-presidente JD Vance criticou a medida, chamando-a de um “sinal preocupante de repressão política na Europa”. Elon Musk, bilionário e conselheiro de Donald Trump, também se manifestou no X (antigo Twitter), classificando a decisão como “louca”.
Tensões com os EUA e a Extrema Direita
Georgescu se tornou uma figura polarizadora na política europeia, especialmente após receber apoio de partidos de extrema direita em vários países. Sua exclusão do processo eleitoral agora está sendo usada como exemplo por populistas e nacionalistas para criticar as instituições democráticas na Europa.
Analistas avaliam que o caso poderá ser explorado por partidos eurocéticos e por Moscou como parte de uma estratégia mais ampla para desestabilizar a União Europeia. Enquanto isso, a Romênia se prepara para eleições que prometem ser intensamente disputadas, com reflexos na política interna e no cenário internacional.