Demissão de Lars Fruergaard Jorgensen marca fim de uma era na farmacêutica dinamarquesa após queda bilionária no valor de mercado
O mundo corporativo assistiu nesta semana ao fim abrupto da trajetória de um dos executivos mais respeitados da indústria farmacêutica. Lars Fruergaard Jorgensen, CEO da dinamarquesa Novo Nordisk e responsável pelo sucesso global do Ozempic, foi demitido durante uma reunião de rotina pelo aplicativo Microsoft Teams, após 33 anos na empresa — oito deles no comando.
A decisão do conselho reflete o impacto devastador da concorrência com o Mounjaro, medicamento da norte-americana Eli Lilly, que superou o Ozempic em vendas e eficácia, especialmente no mercado de emagrecimento off label.
De gigante europeia à derrocada bilionária
A Novo Nordisk, que em 2024 atingiu o pico de US$ 650 bilhões em valor de mercado e ocupava o posto de empresa mais valiosa da Europa, viu suas ações despencarem 53% em 12 meses. A perda acumulada ultrapassa US$ 300 bilhões, uma cifra que selou o destino de Jorgensen, mesmo após décadas de liderança considerada exemplar.
A queda representa um abalo significativo não apenas para a empresa, mas para o mercado de medicamentos para diabetes tipo 2 e obesidade, que deve atingir US$ 150 bilhões até 2030, segundo estimativas de analistas de mercado.
A virada do Mounjaro — e a promessa da pílula
O Mounjaro, também indicado originalmente para diabetes, ganhou notoriedade ao demonstrar resultados superiores na redução de peso em pacientes, com ação mais rápida e eficaz que o Ozempic. A entrada do remédio no mercado brasileiro nesta semana amplia ainda mais a disputa comercial.
Mas o verdadeiro golpe da Eli Lilly ainda está por vir: a farmacêutica anunciou o desenvolvimento de uma pílula oral para diabetes tipo 2 e perda de peso. Em um mercado atualmente dominado por medicamentos injetáveis, a chegada de uma versão sem agulhas empolga investidores e consumidores, criando uma expectativa de disrupção completa no setor.
Jorgensen, que começou sua carreira na Novo Nordisk em 1991, foi elevado à categoria de “CEO visionário” após o sucesso estrondoso do Ozempic, que rapidamente se tornou um fenômeno global tanto no tratamento de diabetes quanto na utilização off label para emagrecimento. No entanto, o mercado mostrou pouca paciência com o revés da empresa diante da concorrência mais ágil.
A demissão por videoconferência simboliza não apenas a pressão dos investidores sobre os resultados financeiros, mas também a velocidade com que o setor da biotecnologia exige inovação constante — e punições severas diante de qualquer sinal de estagnação.
Enquanto a Novo Nordisk busca um novo comando para reconquistar a confiança do mercado, o trono da revolução farmacêutica no combate à obesidade muda, por ora, de mãos.