Alterações vocais nem sempre estão ligadas à idade ou puberdade e podem sinalizar distúrbios físicos ou emocionais
Alterações na voz que surgem de forma repentina ou sem causa aparente podem ser sinal de que algo não vai bem com a saúde. A observação é da otorrinolaringologista e especialista em laringologia, Érica Campos, que alerta para a importância de ficar atento a modificações vocais fora do contexto da puberdade ou envelhecimento natural.
De acordo com a médica, mudanças no padrão vocal podem estar ligadas a doenças respiratórias, neurológicas ou mesmo a quadros de saúde mental. “A produção da voz envolve uma série de estruturas do corpo. Qualquer falha nesse sistema pode gerar alterações que, em alguns casos, passam despercebidas até por quem convive com a pessoa”, explica.
A especialista reforça que, atualmente, a voz vem sendo cada vez mais analisada como um possível biomarcador de saúde. Pesquisas recentes apontam que certos padrões de fala podem estar associados a distúrbios como depressão, ansiedade, Parkinson e outras condições clínicas.
Por isso, ela defende a inclusão da avaliação vocal como parte dos cuidados de rotina. “Uma mudança na voz pode ser o primeiro sinal de que o organismo está enfrentando algum desequilíbrio. Observar e investigar essas alterações é uma forma de cuidar da saúde de forma mais ampla e preventiva”, afirma.
Érica destaca ainda que o próprio paciente pode ajudar no diagnóstico ao relatar mudanças sutis, como rouquidão persistente, cansaço ao falar ou perda de projeção vocal. “Não é normal se sentir exausto após conversar por pouco tempo ou perceber que está sempre rouco. Esses sinais merecem atenção e não devem ser ignorados”, alerta.
Sobre Erica Campos
Referência em transição da voz, Érica Campos tem Fellowship em Laringologia e Otorrino Pediatria Avançada (UNICAMP), é Mestre em Neurolaringologia (UNICAMP) e tem formação complementar no Mount Sinai Hospital, em New York/USA, e no Massachusetts General Hospital & Harvard Medical School, em Massachusetts/USA. É Membro Titular da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial) e Full Member da IATVS (International Association of TransVoice Surgeons). Também atua como preceptora no Serviço de Laringologia do Hospital Universitário Prof. Edgard Santos (UFBA) e Hospital Otorrinos. Mais informações: https://www.instagram.com/dra.ericacampos/
