quarta-feira, dezembro 17, 2025
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Projeto Lentes Coloridas divulga livro gratuito sobre diversidade no audiovisual baiano

Estudo revela desafios e reforça a importância de políticas públicas para inclusão e diversidade no setor. Em formato de ebook, podcast e audiolivro, publicação está disponível gratuitamente

Pessoas LGBTQIAPN+ entrevistadas para o projeto Lentes Coloridas – Foto Divulgação

Uma pesquisa inédita dedicada a compreender a diversidade de profissionais que atuam no audiovisual da Bahia informa que 32% desses profissionais já perderam oportunidades ou empregos devido à identidade de gênero ou orientação sexual. 84% dos entrevistados afirmaram já ter sofrido algum tipo de preconceito e 40,8% relataram episódios de LGBTfobia especificamente no ambiente de trabalho com audiovisual. Esses e outros dados foram divulgados recentemente no livro “Lentes Coloridas: Profissionais LGBTQIAPN+ no Audiovisual Baiano” 

A obra apresenta informações sobre o perfil desses profissionais e apresenta narrativas reais sobre suas vivências, desafios e contribuições para a construção de um setor mais diverso e democrático. O conteúdo está disponível gratuitamente nos formatos ebook, podcast e audiolivro e pode ser acessado  aqui.

Conduzido por uma equipe inteiramente LGBTQIAPN+ — formada pelos doutores em Comunicação João Araújo, Maíra Bianchini e Rodrigo Lessa —, o projeto combina mapeamento quantitativo e entrevistas em profundidade com profissionais que atuam em diferentes áreas do audiovisual, da direção à produção de elenco. Os resultados revelam um panorama complexo: de um lado, avanços em representatividade e escolarização, e de outro, desigualdades persistentes e desvalorização das condições de trabalho.

A pesquisa também mostra que apenas 25% consideram ter estabilidade financeira e profissional, e quase metade da amostra (48,7%) tem renda entre um e três salários mínimos. Apesar das dificuldades, o setor é composto por um público altamente escolarizado, com 73,7% possuindo ensino superior e formação específica em audiovisual.

A pesquisa também revela um recorte geracional importante: cerca de 60% dos profissionais LGBTQIAPN+ construíram suas carreiras no audiovisual baiano nos últimos dez anos, refletindo o fortalecimento recente das políticas públicas para o setor. No entanto, a concentração das oportunidades na capital Salvador ainda evidencia a necessidade de interiorização e descentralização da produção audiovisual.

“Percebemos também um corte muito forte entre capital e interior, o que demonstra a necessidade de políticas de interiorização que sigam um caminho melhor do que aquele que vem sendo seguido até aqui”, destaca João Araújo

Histórias que ampliam o olhar da diversidade no audiovisual 

Outro dado relevante é que 54% dos respondentes se autodeclaram negros, o que indica avanços nas políticas de inclusão racial, mas ainda abaixo dos 80% da população negra da Bahia. Já as pessoas trans e não binárias representam cerca de 19% dos participantes, mostrando um crescimento da visibilidade, embora persistam barreiras estruturais para o acesso e permanência no mercado.

Entre os entrevistados selecionados para registrarem suas histórias no livro há pessoas pretas e pardas, pessoas com deficiência e uma pessoa soropositiva. Nenhuma mostra conformidade total com a cisgeneridade, incluindo um homem trans, uma mulher cis lésbica, que também se reivindica uma “mulher sapatão”, e três pessoas não binárias, compondo um mosaico de vozes plurais dentro do campo pesquisado. 

Nosso intuito foi dar um estopim para revelar quem somos nós, as pessoas LGBTQIAPN+ que fazem audiovisual na Bahia. Sabíamos desde o início que não conseguiríamos esgotar toda a riqueza que a Bahia tem a oferecer nesse tema, mas ficamos muito felizes por obter dados e entrevistar pessoas que nos ajudam a pincelar com múltiplas cores toda nossa diversidade”, afirma Rodrigo Lessa.

Além da pesquisa, o livro traz entrevistas com cinco profissionais LGBTQIAPN+ — pessoas negras, com deficiência e uma pessoa soropositiva — que compartilham suas trajetórias, experiências de resistência e formas de reinventar o fazer audiovisual no estado. A publicação reafirma o compromisso com a acessibilidade, ao disponibilizar gratuitamente versões em ebook, audiolivro e podcast, além da distribuição de exemplares físicos em bibliotecas públicas.

“Esperamos que o estudo contribua para pensar políticas públicas afirmativas voltadas à inclusão de populações mais diversas em termos de orientação sexual e identidade de gênero, além de fomentar um senso de comunidade entre profissionais LGBTQIAPN+ da Bahia e de todo o país”, destaca Maíra Bianchini.

Acessibilidade e Memória Coletiva

Um dos principais objetivos da pesquisa é  atuar na memória cultural do Estado,  fortalecer o sentimento de pertencimento e visibilidade para quem atua nesse campo, através das trajetórias pessoais e coletivas de trabalhadores do audiovisual que colaboraram na construção dessa pesquisa.

“Esperamos que o estudo contribua para pensar políticas públicas afirmativas voltadas para a inclusão de populações mais diversas em termos de orientação sexual e identidade de gênero, além de colaborar num senso de identificação e comunidade entre indivíduos LGBTQIAPN+ não só da Bahia, mas de todo o país”, afirma Maíra Bianchini.

Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar no 195, de 8 de julho de 2022.

SERVIÇO

Livro “Lentes Coloridas: Profissionais LGBTQIAPN+ no Audiovisual Baiano”

Autores: João Araújo, Maíra Bianchini e Rodrigo Lessa,

Baixe gratuitamente o ebook, audiolivro e podcast em https://linktr.ee/lentescoloridas

Informações: lentescoloridas.lpg@gmail.com

Sobre os pesquisadores

Maíra Bianchini – Pós-doutora e doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA, membro do grupo de pesquisa A-Tevê – Laboratório de Análise de Teleficção e pesquisadora de séries de TV e mercado audiovisual. É cofundadora do Estude Séries, empreendimento destinado a cursos e consultorias para profissionais e pesquisadores de obras audiovisuais seriadas, e bolsista de Extensão no País (EXP-C) do CNPq, no projeto A ficção televisiva brasileira como recurso de promoção da cidadania, ligado ao Obitel Brasil – Rede Brasileira de Pesquisadores de Ficção Televisiva. Foi coordenadora pedagógica e professora dos projetos narrAtiVas – Programa de Formação Audiovisual da Bahia (edital SAV/MINC/FSA nº 13/2018) e Laboratório Sala de Roteiristas (Prêmio das Artes Jorge Portugal 2020, Aldir Blanc Bahia) e professora e consultora de mercado audiovisual do Usina do Drama (Fundo de Cultura da Bahia, SEFAZ/SECULT 2020). Autora dos e-books Mercado audiovisual global em tempos de streaming: produção e distribuição de séries televisivas partes I e II.

João Araújo – Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia (PPGCCC – UFBA), membro grupo de pesquisa em Análise de Teleficção (a-tevê) e do braço brasileiro do Observatório Ibero-Americano de Ficção Televisiva (Obitel/Brasil). Foi professor substituto das disciplinas Estética da Comunicação e Oficina de Comunicação Audiovisual também pela Universidade Federal da Bahia, e hoje atua como professor, pesquisador, organizador e coordenador pedagógico em empreendimentos culturais e acadêmicos diversos. Dentre esses empreendimentos, se destacam por ter tido financiamento público,  no caso educacional, os projetos “Oficinas de Roteiro para Plataformas Multimídia” (proponente, assistente de produção, coordenador pedagógico e professor), “Balão das Letras – Oficinas de Adaptação Quadrinhística” (coordenador pedagógico e professor), “Ler a tela, ver o texto: oficina de letramento midiático” (professor), e Narrativas – Programa de Formação Audiovisual da Bahia (professor). Já na pesquisa, se destacam a proponência e coordenação dos projetos de investigação “Vários Mundos, Uma Bahia: Um Estudo da Ficção Seriada Baiana” (financiado pelo Edital Setorial de Audiovisual do Fundo de Cultura da Bahia, 2019) e “Jogos de Todos os Santos: um estudo da construção de mundos ficcionais nos videogames baianos” (Prêmio das Artes Jorge Portugal 2020 – Premiação Aldir Blanc Bahia). Além disso, também tem atuação contínua junto ao Centro de formação de roteiristas de narrativas seriadas para televisão e internet Estação do Drama (UFBA). No que diz respeito à sua produção, João tem mais de 30 trabalhos publicados, incluindo 3 livros autorais, capítulos em livros e artigos em periódicos brasileiros e internacionais, e anais de congressos.

Rodrigo Lessa – Doutor em Comunicação pela UFBA. É professor, pesquisador, palestrante e consultor de marketing transmídia para projetos audiovisuais de séries e filmes. Realizou estágio doutoral na University of Hertfordshire (Reino Unido), onde atuou como pesquisador e professor visitante. É cofundador do Estude Séries, empreendimento destinado a cursos e consultorias para profissionais e pesquisadores de obras audiovisuais seriadas. Atualmente é professor na Universidade Católica de Pernambuco (trabalho remoto) e no projeto de formação de roteiristas de séries televisivas Estação do Drama; é pesquisador no A-Tevê – Laboratório de Análise de Teleficção (CNPq/UFBA) desde 2009; é membro da Rede de Pesquisa em Narrativas Midiáticas e Práticas Sociais, onde desenvolve o projeto de pesquisa Letramento transmídia e as realidades brasileiras (CNPq Universal, 18/2021).  Lessa já atuou como professor na Facom/UFBA (tirocínio docente), no Centro Universitário UniRuy | Wyden, no Usina do Drama (Fundo de Cultura da Bahia, 2020), no Narrativas – Programa de Formação Audiovisual da Bahia (melhor avaliado no edital SAV/MINC/FSA em 2018) e na Pós-graduação em Cinema do Rizoma Audiovisual (Fundo Setorial do Audiovisual, Ancine). É autor dos livros “Seriados de TV e narrativa transmídia” (Edufba, 2020), “Estratégias de marketing para audiovisual” (Benditas, 2020) e “Criação e desenvolvimento de narrativas transmídias” (Benditas, 2020, em coautoria com Marcelo Lima), além de diversos artigos científicos e capítulos de coletâneas de livro.

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