sábado, outubro 18, 2025
Banner
HomeDecoraçãoLounge da Renúncia mergulha nas memórias afetivas do patrimônio histórico de Salvador

Lounge da Renúncia mergulha nas memórias afetivas do patrimônio histórico de Salvador

Assinado pelo arquiteto e produtor visual Hugo Ribeiro, o ambiente provoca visitantes com uma experiência imersiva sobre fé, renúncia e práticas religiosas no antigo Convento das Mercês.

Nesta terça-feira, 8 de julho, a Casa Nossa Senhora das Mercês abre suas portas para a estreia oficial da CASACOR Bahia 2025. A partir das 15h, baianos e turistas que circulam pela Avenida Sete de Setembro, no centro de Salvador, poderão explorar cerca de 40 ambientes assinados por grandes nomes da arquitetura, do design e das artes visuais. Entre eles, um espaço já desponta como um dos mais impactantes: o Lounge da Renúncia, criado pelo arquiteto e produtor visual Hugo Ribeiro.

O projeto mergulha nas memórias afetivas do patrimônio histórico de Salvador e transforma o lounge em um ponto de reflexão: “a renúncia mora na liberdade” Diz eleO olhar de Hugo atravessa a ancestralidade e modernidade, criando um espaço contemporâneo com imagens barrocas e profundamente sensíveis.

Instalado no coração do antigo Convento das Mercês, construído em 1735, Hugo apresenta um ambiente que percorre histórias e soluções criativas em diálogo com o imaginário popular religioso.

Convidando os visitantes à ponderação, o Lounge da Renúncia retrata desejos, prisão e práticas disciplinares como ajoelhar no milho em um espaço que convida à autorreflexão. A instalação culmina em mobiliário sacro tradicional, que reunia as fiéis em procissões religiosas e momentos de adoração coletiva.

Hugo explica que o conceito do espaço nasceu de visitas à Casa Nossa Senhora das Mercês, onde um corredor, em especial, cercado por grades e arames farpados, o fez lembrar o versículo bíblico “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz diária e siga-me”. Mas não era apenas memória religiosa, era um questionamento profundo sobre “quantas mulheres passaram por ali por vontade própria? Quantas renunciaram por escolha? Quantas foram obrigadas a negar seus desejos, seus corpos, suas vozes?”.

Essas inquietações deram origem a um espaço que mistura renúncia, fé, solidão e práticas disciplinares questionáveis em uma avalanche de sentimentos para quem o visita“Eu não queria apenas um lounge bonito. Queria um espaço que deixasse marcas profundas e sensíveis, ainda que sutis, como o silêncio e a solidão de um convento cheio. A provocação torna a arte paradoxal, mexendo com o tempo através de marcas ásperas, como o milho espalhado no chão da instalação final”, afirma Hugo.

O projeto se divide em duas fases. Na primeira, o lounge oferece alívio visual, com intervenções quase invisíveis, piso de madeira centenário intacto e forro descoberto propositalmente durante a obra. A escada original do convento, mantida não como relíquia, mas como portal metafórico que transporta o visitante ao século XVIII. “A arquitetura aqui não é protagonista. Ela cede. Se curva. A matéria é o tempo. Eu apenas abri as janelas para ele passar”, reflete.

Na segunda etapa, o público transita entre passado e presente sem hierarquia. A santidade em nova representação artística, velas sacras repousam sobre prateleiras, enquanto esculturas contemporâneas ocupam seus nichos. O mobiliário de design atual cria conexões com objetos de antiquários expostos na mostra. Um espelho coberto por tecido floral, com moldura irregular, faz o espectador projetar seu reflexo fora dos moldes rígidos da época.

Todas as obras do Lounge da Renúncia foram criteriosamente selecionadas por Hugo. Algumas peças foram criadas especialmente para o espaço em diálogo com o conceito, enquanto outras fazem parte do acervo da Tria Galeria, convidada pelo arquiteto. “Nunca foi sobre decorar, mas sobre tensionar o espectador. Cada artista presente, manifesta em suas obras, me ajuda a contar essa história”, explica.

Para o grand finale, o visitante encontra uma pequena sala isolada. “No centro, uma cadeira fria. Na parede, uma cruz caída feita com lâmpadas tubulares de LED e muito milho no chão, formando um caminho que exige joelhos ou pelo menos uma escolha. Essa é uma sala para quem quiser ajoelhar, lembrar ou apenas olhar”, conclui.

visitação ao Lounge da Renúncia e aos demais ambientes da CASACOR Bahia 2025 acontece até 7 de setembro, integrando a programação cultural da cidade e provocando o Brasil com experiências marcadas pela profundidade e pela subjetividade que atravessam a arquitetura.

RELATED ARTICLES

Deixe uma resposta

Por favor insira seu comentário!
Por favor insira seu nome aqui

- Advertisment -spot_img

Most Popular

Recent Comments

Eleonora Santos Chaves Em Morango do amor: muito mais que uma trend