Em meio à crise institucional que se intensificou com a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), convocaram uma reunião emergencial com líderes partidários nesta quarta-feira (6) para tentar destravar a pauta legislativa e conter o avanço da instabilidade política no Congresso Nacional.
A mobilização dos chefes do Legislativo ocorre após deputados e senadores bolsonaristas passarem a noite no plenário das duas Casas em protesto silencioso contra a prisão de Bolsonaro, que está em regime de prisão domiciliar por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Com adesivos cobrindo a boca e ocupando as mesas diretoras, os parlamentares da oposição acusaram o STF de “censura” e passaram a obstruir votações nas comissões e no plenário, exigindo a tramitação de projetos de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro e o andamento do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
Reações institucionais
Em nota oficial, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, criticou a ocupação dos plenários, classificando o ato como “inusitado e alheio aos princípios democráticos”, e pediu serenidade e espírito de cooperação entre os Poderes.
Já o presidente da Câmara, Hugo Motta, que estava em João Pessoa (PB), afirmou que acompanha a situação de perto e cancelou a sessão da terça-feira, antecipando a reunião com líderes partidários — inicialmente marcada para quinta (7). “A reunião servirá para definir a pauta da Casa com base no diálogo e no respeito institucional”, publicou Motta em suas redes sociais.
Impasse legislativo
A paralisação dos trabalhos legislativos ocorre em um momento sensível para o governo federal, que tenta avançar com indicações para agências reguladoras, medidas provisórias e projetos com impacto direto na economia, como a minirreforma do Imposto de Renda e propostas ligadas ao novo arcabouço fiscal.
Nos bastidores, a avaliação é de que a pressão da oposição pode travar a agenda econômica do Executivo e acirrar ainda mais os conflitos entre o Congresso e o STF. A expectativa dos presidentes das Casas é de que a reunião desta quarta produza um acordo mínimo que permita a retomada das votações ainda nesta semana.
