À frente do novo cardápio da Doce & Sonhos, a nutricionista Kátia Sales destaca a conexão entre sabores e aromas ligados ao cérebro humano.
Sabe a sensação nostálgica de comer um bolo de cenoura, com cobertura de chocolate, ao lado de um cafézinho? Essa combinação de aromas, cores e sabores detém o poder de nos transportar por décadas à fio, em que as ‘receitas da vovó‘ pareciam carregar um certo tipo de mágica.
Hoje em dia, a neurociência explica que o ato de comer pode provocar alterações nos tecidos cerebrais, auxiliando na produção ou diminuição dos neurotransmissores. A idade pouco importa! Segundo o estudo ‘A developmental model of emotional eating‘, por Liam Chawner, a alimentação emocional é um comportamento complexo, observado tanto em crianças pequenas, quanto em adultos.
Em outras palavras, a experiência de degustar um bolo de milho recém-assado ou uma torta de chocolate, à depender das vivências individuais, podem conferir um sabor especial e marcante à essas receitas. Em uma sociedade cada vez mais estressada, a procura por sobremesas, doces e salgados que marcaram “épocas mais tranquilas”, tem se apresentado na forma da ‘gastronomia afetiva‘.
À fim de explicar este fenômeno culinário, a nutricionista Kátia Sales explica que sabores e aromas – capturados pelo olfato e paladar – estão ligados às áreas do cérebro responsáveis por emoções e memórias. “Gostos e ‘cheiros’ têm um poder especial de nos levar de volta ao tempo, quase como uma máquina de memórias. Às vezes, basta sentir o cheiro de um bolo assando para lembrar-se da casa da avó, das tardes de domingo, da infância simples e feliz. Um tempero, um café, o perfume de alguém. Isso acontece porque o olfato e o paladar estão ligados diretamente às áreas do cérebro que cuidam das emoções e lembranças“, explica.
Atuando há mais de dez anos na indústria alimentícia, sendo os últimos seis no segmento de confeitarias de Salvador, a nutricionista está à frente do menu inédito e afetivo da ‘Doce & Sonhos‘ – nova confeitaria instalada no Caminho das Árvores. Trazendo uma proposta culinária inédita, envolta em afeto e identidade gastronômica, Kátia explica que essa nova experiência na capital estará ligada à receitas, aromas, cores e sabores que não se desprenderam da memória afetiva da população, ressignificando a ‘mágica’ por trás das confeitarias dos anos 2000 e trazendo ao paladar às lembranças das ‘receitas da vovó’.
“Para levar essa nova experiência aos baianos, nós acreditamos que as receitas carregam consigo afeto, histórias, cheiros e vozes. É por isso que o paladar é tão marcante na construção das lembranças; ele não guarda apenas o gosto, mas a sensação de pertencimento, cuidado, de estar em casa. E, por um instante, tudo aquilo volta, com uma simples garfada. Como nutricionista e dona de confeitaria, eu digo que é gratificante unir técnica e sensibilidade, mostrando que comer bem também é sentir, lembrar e se reconectar com quem somos”, revela.
Guiando uma equipe multiprofissional, a nutricionista embala novas combinações no menu da Doce & Sonhos, como as receitas de búlgara com sequilho; tapioca com doce de leite; chocolate com morango, além da torta ‘Verônica’, que carrega bolo de chocolate (com ingrediente secreto) e geleia de morango artesanal. Para Kátia, o maior desafio está em resgatar tradições e encontros entre amigos e famíliares, tão comuns em décadas anteriores.
“Manter vivas as tradições e receitas de família é uma forma poderosa de preservar nossa história, identidade e afeto. Queremos passar isso para os baianos, com a chegada da Doce & Sonhos. Cada receita passada de geração em geração carrega mais do que ingredientes, traz lembranças de pessoas queridas, momentos vividos, cheiros que marcaram a infância e sabores que aquecem o coração. Nosso desafio, hoje, é resgatar essas tradições e encontros, com uma culinária afetiva e especial, dedicada à todos os gostos”, conclui.