A nutróloga Suzana Viana explica que o equilíbrio da microbiota intestinal é fundamental para regular o metabolismo, controlar a inflamação e potencializar a perda de peso de forma saudável
Cada vez mais estudos confirmam que cuidar da saúde intestinal pode ser o ponto de virada para quem busca emagrecer com saúde e manter os resultados a longo prazo. De acordo com a nutróloga Suzana Viana, especialista em gastroenterologia, um intestino em desequilíbrio não só interfere na absorção de nutrientes, como também pode sabotar dietas e treinos, favorecendo a inflamação sistêmica e dificultando a perda de peso. “Muitas pessoas fazem tudo certo, mas não conseguem emagrecer porque ignoram um fator essencial: o bom funcionamento intestinal”, alerta.
Segundo uma revisão publicada no British Medical Journal, cerca de 70% da população mundial apresenta algum grau de disbiose intestinal, um desequilíbrio na microbiota que altera o funcionamento do trato digestivo. Essa condição tem relação direta com o ganho de peso, resistência à insulina, compulsão alimentar e até depressão. “A microbiota intestinal atua na regulação hormonal, na produção de neurotransmissores e no controle do apetite. Quando ela está desorganizada, todo o sistema metabólico sofre”, explica a médica.
A flora intestinal equilibrada favorece a digestão eficiente e permite que o organismo aproveite melhor os nutrientes dos alimentos. Além disso, bactérias benéficas produzem substâncias que modulam o metabolismo, controlam a inflamação e sinalizam a saciedade. “Quando o intestino está saudável, ele ‘conversa’ com o cérebro de forma eficaz. Isso melhora a resposta a dietas, reduz a fome emocional e potencializa os efeitos de medicamentos para emagrecimento”, destaca Suzana.
Por outro lado, a disbiose intestinal, causada por alimentação rica em ultraprocessados, estresse crônico, uso indiscriminado de antibióticos e baixa ingestão de fibras, gera um estado inflamatório que pode bloquear os mecanismos naturais de queima de gordura. “Em um ambiente intestinal inflamado, o corpo entra em alerta, passa a reter mais gordura e responde mal a estratégias comuns de emagrecimento”, afirma.
Investigação clínica é essencial para resultados eficazes
Diversos fatores podem contribuir para inflamações intestinais, desde intolerâncias alimentares até doenças sistêmicas e desequilíbrios hormonais. Por isso, segundo Suzana, o primeiro passo para um plano de emagrecimento bem-sucedido é realizar uma avaliação clínica detalhada. “É fundamental analisar a rotina alimentar, sintomas gastrointestinais, padrões de sono e níveis de estresse. A partir daí, fazemos exames físicos, avaliação de composição corporal e, quando necessário, solicitamos exames laboratoriais que investigam marcadores inflamatórios, intolerâncias ou alterações metabólicas”, orienta.
Essa abordagem individualizada permite identificar as causas ocultas da dificuldade em perder peso e direcionar o tratamento de forma mais assertiva. “Não existe fórmula única. Cada organismo tem uma história e precisa ser ouvido e estudado com atenção. Só assim conseguimos tratar o intestino como ele merece: como um centro de equilíbrio e saúde”, reforça.
De acordo com a nutróloga, uma das formas mais eficazes de cuidar da saúde intestinal é incluir alimentos que nutrem a microbiota: os probióticos (como iogurte natural, kefir, kombucha e chucrute) e os prebióticos (como banana verde, aveia, alho, cebola e aspargos). “Esses alimentos fortalecem as bactérias boas do intestino e promovem um ambiente favorável ao emagrecimento”, orienta Suzana.
Ela também recomenda evitar o consumo frequente de açúcares refinados, bebidas alcoólicas e alimentos industrializados, que alimentam bactérias nocivas e agravam o desequilíbrio intestinal. “O intestino saudável é construído no dia a dia, com escolhas conscientes. Não é uma dieta da moda, mas uma estratégia contínua de cuidado com o corpo.”
Dicas para cuidar da saúde intestinal
● Inclua alimentos fermentados na dieta – Iogurte natural, kefir, kombucha e chucrute são fontes de probióticos que fortalecem a microbiota.
● Consuma fibras todos os dias – Aveia, linhaça, chia, frutas com casca e vegetais ajudam na motilidade intestinal e alimentam as bactérias boas.
● Evite alimentos ultraprocessados – Embutidos, refrigerantes e industrializados favorecem o desequilíbrio da flora intestinal.
● Hidrate-se bem – A ingestão adequada de água melhora o trânsito intestinal e evita constipação.
● Gerencie o estresse – Estresse crônico altera a comunicação entre cérebro e intestino, piorando a digestão e a absorção de nutrientes.
● Evite uso indiscriminado de antibióticos e laxantes – Esses medicamentos afetam negativamente a diversidade da microbiota intestinal.
Mais do que contar calorias, o emagrecimento eficaz depende de um organismo funcionando em harmonia. E, nesse processo, o intestino ocupa um papel crucial. “Antes de pensar em dieta restritiva, pense em restaurar sua saúde digestiva. Em muitos casos, esse é o primeiro e mais importante passo para resultados reais e duradouros”, finaliza.