Em um movimento que vem ganhando força nas redes sociais, entregadores de aplicativos de todo o Brasil planejam realizar uma greve nacional nos dias 31 de março e 1º de abril. Denominado “Breque Nacional”, o ato é uma resposta às condições de trabalho que a categoria considera insatisfatórias nos principais aplicativos de entrega, como iFood, Uber Flash e 99 Entrega.
Pautas centrais da mobilização
A paralisação busca chamar atenção para quatro demandas principais:
- Taxa mínima de R$ 10 por corrida: A categoria reivindica um valor-base que considere o custo do trabalho e a manutenção dos veículos utilizados.
- Aumento da remuneração por quilômetro rodado: Atualmente em R$ 1,50, os entregadores pedem que o valor seja reajustado para R$ 2,50 por quilômetro.
- Limitação de raio para entregas de bicicleta: Propõem que entregas feitas por ciclistas sejam restritas a um raio máximo de três quilômetros para evitar esforços excessivos.
- Pagamento integral por entregas agrupadas: Quando vários pedidos são agrupados em uma mesma rota, os entregadores demandam que cada entrega seja remunerada de forma integral, sem descontos ou repartições.
Essas pautas refletem as dificuldades relatadas por trabalhadores que dependem dos aplicativos como principal fonte de renda. Segundo os organizadores, a greve é um esforço para pressionar as empresas a melhorar as condições de trabalho e a remuneração.
Denúncias de práticas antissindicais
Os organizadores da greve afirmam que vão monitorar e denunciar possíveis práticas antissindicais durante a mobilização. Entre as condutas questionadas estão os supostos incentivos ou bônus pagos pelos aplicativos para desestimular a adesão dos entregadores à paralisação.
Segundo representantes do movimento, essas práticas, caso identificadas, serão encaminhadas às autoridades competentes para apuração e providências. “É inaceitável que as empresas tentem enfraquecer a luta legítima da categoria, oferecendo vantagens temporárias para desmobilizar os trabalhadores”, afirmou um dos líderes do movimento em vídeo divulgado nas redes sociais.
Impactos esperados
A greve tem potencial de gerar impactos significativos no setor, especialmente em grandes centros urbanos, onde os serviços de entrega desempenham um papel crucial para o funcionamento do comércio e para a conveniência dos consumidores. Nas datas previstas, estabelecimentos que dependem dos aplicativos para delivery podem enfrentar atrasos ou suspensão de entregas, afetando o atendimento ao público.
Resposta dos aplicativos
Até o momento, as empresas mencionadas na mobilização, como iFood, Uber Flash e 99 Entrega, não divulgaram comunicados oficiais sobre a greve. No entanto, manifestações anteriores da categoria resultaram em respostas que variam de tentativas de diálogo até incentivos pontuais para os entregadores.
Especialistas em relações trabalhistas apontam que o movimento dos entregadores reflete uma crescente insatisfação em setores de trabalho precarizado, evidenciando a necessidade de regulamentação e diálogo para equilibrar os interesses das empresas e dos trabalhadores.
Paralisação tem data marcada
A paralisação marcada para 31 de março e 1º de abril será acompanhada de atos em diversas cidades do país, com entregadores organizando manifestações e bloqueios simbólicos para amplificar o alcance de suas reivindicações. Os organizadores também incentivam o público a apoiar a causa, evitando utilizar os aplicativos durante os dias de greve.
A mobilização promete ser um marco na luta por melhores condições de trabalho no setor de entregas, levantando debates sobre a regulamentação do trabalho por plataformas digitais no Brasil.
