Após crescer cerca de 31% no país, a categoria avança em um cenário marcado por inovação e impacto regional como vetores da transformação econômica.
Segundo o último relatório do SEBRAE, embasado pela PNAD Contínua, cerca de 16 milhões de pessoas negras empreendem atualmente no Brasil. Os dados fazem parte da pesquisa ‘Empreendedorismo Negro‘, que mostra um crescimento de 31% da categoria, entre os anos de 2012 e 2024.
O salto recorde representa uma adesão de 3,2 milhões de empreendedores negros nos últimos doze anos. Liderados pela faixa etária entre 30 à 39 anos, os jovens-adultos representam 25,6% do total de donos de negócio, subdivididos nos setores de Serviços, Comércio, Construção, Agro e Indústria.
Outro fator que vem chamando atenção é o percentual do ‘empreendedorismo negro’ por região. Ao contrário do imaginário popular, a região Norte é a que concentra a maior taxa de empreendedorismo entre pessoas negras, com 18,8%. Na sequência, vêm as regiões do Sudeste (16,3%), Centro-Oeste (15,9%), Nordeste (15,1%) e Sul (14,4%).
Acompanhando esse cenário de transformações, o empreendedor baiano e Founder da Doctor Smart, Jean Marcos, 31, enxerga os vetores de inovação e impacto social como fundamentais para o desenvolvimento e estímulo do empreendedorismo preto nas comunidades. Para o especialista, o atual momento exige uma leitura atenta sobre a consolidação de novos perfis de mercado, territórios e formas de atuação.
“O empreendedorismo negro no Brasil, hoje, é pautado pela atuação estratégica dos líderes; envolvendo planejamento, inovação e compromisso com o desenvolvimento de comércios e comunidades. Essa parcela está criando modelos de negócio que integram tradição e tecnologia, abrindo caminhos que fortalecem tanto a economia local quanto o protagonismo social. Conhecendo as dificuldades onde cresceram, geralmente esses projetos são norteados para o desenvolvimento social de uma determinada localidade, população ou questão social“, explica.
Exemplificando na prática, Jean é um entre os 16 milhões de empreendedores negros que buscaram, através da abertura dos negócios, conquistar seu espaço no mercado. Hoje, à frente da healthtech baiana Doctor Smart, o profissional rompeu as barreiras das finanças e da empregabilidade, projetando um faturamento acima de R$ 250mil até o final do ano.
Liderando uma equipe multiprofissional, em um cenário onde apenas 10,1% dos empreendedores negros são empregadores, o CEO explica que o fortalecimento da cena passa pela criação de estruturas sólidas e intencionais de crescimento, utilizando da ‘criatividade’ e ‘repertório social’ como propulsor de ideias. Não é atoa que, à frente da Doctor Smart, Jean inovou com uma rede digital e personalizável entre médicos e pacientes de todo o Brasil, desburocratizando o pilar de acesso à saúde.
Mesmo no movimento contrário à queda de empreendedores negros no Nordeste, que caiu do patamar de 42% para 33%, o empresário baiano ainda aposta na potência da região como berço de soluções originais, negócios de impacto e novos modelos de liderança preta no país.
“O Nordeste tem uma criatividade que nasce da necessidade, mas também de um senso coletivo muito forte. Mesmo diante da redução nos números, a região continua sendo um polo de transformação, e é nisso que eu acredito. Quando empreendemos com propósito, conhecemos o território e entendemos as dores das pessoas, o negócio não é só viável, ele é necessário. E inovação, pra mim, é isso: resolver problemas reais com as ferramentas que a gente tem, onde a gente está”, conclui.