Diarreia persistente, dor abdominal e perda de peso são sinais que podem indicar Doença Inflamatória Intestinal em crianças
Embora mais comum em adultos jovens, a Doença Inflamatória Intestinal (DII) pode surgir já na infância, trazendo impactos significativos para o crescimento, o desenvolvimento físico e intelectual, além da qualidade de vida das crianças. O alerta é da gastroenterologista do Itaigara Memorial Gastro-Hepato Endoscopia, Flora Fortes, que reforça a importância de observar sinais e buscar avaliação especializada para um diagnóstico correto.
“As manifestações da DII em crianças costumam ser mais agressivas. Quando há sinais persistentes, como dor abdominal recorrente, diarreia com sangue e perda de peso, é essencial procurar avaliação médica. O acompanhamento precoce e multidisciplinar pode evitar complicações graves e melhorar a resposta ao tratamento”, explica a médica.
A Doença Inflamatória Intestinal engloba condições crônicas que causam inflamação no trato gastrointestinal. As principais são a doença de Crohn, que pode acometer todo o sistema digestório; e a retocolite ulcerativa, que se manifesta no cólon.
Os sintomas da DII podem variar conforme o tipo e a gravidade da inflamação, mas alguns sinais comuns merecem atenção em crianças e adolescentes:
- Diarreia crônica: persistente, podendo conter sangue, especialmente na retocolite ulcerativa.
- Dor abdominal: varia em intensidade e localização; pode ser cólica, contínua ou intermitente.
- Perda de peso: decorrente de problemas na absorção de nutrientes e diminuição do apetite.
- Fadiga: frequente e debilitante, mesmo quando a inflamação está sob controle.
- Febre: mais comum na doença de Crohn, como resposta à inflamação.
- Anemia: causada pela perda crônica de sangue, levando a fadiga e fraqueza.
- Náuseas e vômitos: podem ocorrer durante períodos de inflamação aguda.
- Outros sintomas: dores articulares e musculares, lesões de pele, lesões ao redor do ânus e na boca.
Estudos internacionais indicam que a DII pode se apresentar em qualquer idade, sendo 5% dos casos em crianças menores de cinco anos, e que o diagnóstico na infância ou adolescência ocorre em 15 a 20% do total de casos. A doença de Crohn manifesta-se na infância ou adolescência em até 25% dos pacientes, enquanto a retocolite ulcerativa ocorre antes dos 20 anos em 15 a 40% dos casos.
“Apesar de ainda não se conhecer uma causa única, sabemos que fatores genéticos, imunológicos e ambientais estão envolvidos. Filhos de pais com DII apresentam maior risco de desenvolver a condição. Além disso, alterações relacionadas à industrialização, como mudanças na alimentação, podem contribuir para o surgimento da doença”, complementa Flora.
O diagnóstico precoce é fundamental, especialmente em crianças pequenas, pois os sintomas iniciais podem ser confundidos com alergias alimentares ou outras condições pediátricas. Para obter um diagnóstico preciso, é essencial unir o histórico clínico, exames laboratoriais e de imagem e contar com uma abordagem multidisciplinar, envolvendo pediatra, gastroenterologista, nutricionista e outros profissionais de saúde.
O tratamento da DII na infância é individualizado e depende do tipo, da extensão e da gravidade da doença. Parte do tratamento envolve ajustes na alimentação, com dietas específicas para melhorar a absorção de nutrientes e reduzir sintomas, acompanhadas por nutricionista, e suporte multidisciplinar, que inclui acompanhamento de pediatra, gastroenterologista, nutricionista e outros profissionais para garantir crescimento, desenvolvimento e qualidade de vida.
“Quanto mais cedo for iniciado o tratamento adequado, melhor será o controle da doença e maior a qualidade de vida da criança. O acompanhamento contínuo e a atenção aos sinais de alerta são fundamentais para prevenir complicações”, reforça Flora Fortes.
O Itaigara Memorial Gastro-Hepato Endoscopia conta com a Clínica do Intestino, um serviço especializado no atendimento a pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais. Com uma equipe multidisciplinar, o local oferece um cuidado integral, que inclui consultas com especialistas, avaliação nutricional e psicológica, tratamento clínico e exames complementares, como Endoscopia Digestiva Alta, Vídeo Cápsula Endoscópica e Colonoscopia.