A instituição, que nasceu do desejo de oferecer novas experiências no setor musical, une técnica, prática e liberdade
Nascida do desejo de oferecer mais do que uma escola de música, a Cantoário foi idealizada como um espaço de aprendizado técnico, prática artística e expressão criativa. A música sempre foi espaço de encontro, troca e expressão, mas nem sempre as escolas tradicionais conseguiam perpassar essa vivência real para os estudantes. A partir dessa perspectiva surgiu o projeto, idealizado e coordenado por Mylane Mutti, que é formada em Música Popular com habilitação em voz cantada pela Universidade Federal do Estado da Bahia (UFBA) e atua como professora de canto, preparando cantores e atores desde 2011. Atualmente ela vem aprimorando seus estudos com pós-graduação em meio a formações contemporâneas, com especialistas vocais, professores de canto e fonoaudiólogos.
Como tudo começou
Foi nos corredores da universidade que surgiu a ideia de criar o primeiro projeto de música. Mylane, que sempre teve interesse na arte de ensinar, se dedicava a ministrar oficinas e a acompanhar de perto os desafios dos que entravam no mundo musical. A partir disso, entendeu que muitos desistiam pela falta de estímulo e de espaços que conectassem teoria e prática. Aos 19 anos, decidiu preencher essa lacuna criando produções que uniam estudo e apresentação. A experiência resultou no empreendimento FUSART, considerado o primeiro passo do que surgiria após alguns anos: um espaço exclusivo para a preparação de cantores.
O projeto ganhou vida a partir do desejo de Mylane, em conduzir de forma independente e focada na formação vocal; que com o amadurecimento, trouxe também uma nova identidade. O nome “Cantoário” nasceu da fusão de dois símbolos, o santuário como espaço seguro e acolhedor, e o canto dos pássaros, especialmente o canário, associado à liberdade da voz. A escolha refletia o desejo de criar um ambiente em que cada aluno pudesse desenvolver sua arte sem medo de julgamentos. Esse conceito foi além e se materializou na estrutura da escola, como a Sala Ipê, um ambiente que simula as condições de um palco profissional, com luz, som e produção. Ali, os alunos vivem na prática a experiência de se apresentar diante do público, aproximando o estudo do contexto real de atuação artística.
“A Cantoário vai além de ensinar canto. Nosso intuito é transformar vidas, criar profissionais conscientes, confiantes e preparados para atuar em múltiplos contextos artísticos, promovendo crescimento pessoal e coletivo. A escola se fortalece como mais que um espaço de aprendizado, é um território de criação e sobretudo acolhimento, onde cada voz encontra não apenas afinação, mas também propósito. Por isso, criamos oportunidades para que ganhem força, liberdade e palco”, afirma Mylane Mutti, idealizadora e coordenadora da instituição.
A instituição, localizada no Rio Vermelho, aperfeiçoou-se na formação do cantor por meio de uma abordagem multidisciplinar. As oficinas, que são de contribuição complementar, englobam música, dança, teatro e referências de diversos segmentos artísticos, não se limitando somente à técnica vocal. O processo envolve até acompanhamento de áreas auxiliares como psicologia, fisioterapia e fonoaudiologia, resultando em uma abordagem multidisciplinar que fortalece não apenas a performance, mas também a saúde vocal e emocional dos estudantes.
Além das aulas, a escola promove saraus, circuitos culturais e apresentações em diferentes formatos, solos, duetos, trios ou pockets. Essas vivências coletivas fazem parte do método e ajudam a consolidar a confiança dos participantes. Atualmente, a comunidade reúne mais de 150 cantores que estão constantemente trocando experiências, permitindo que o aprendizado vá além das partituras.
“Cada apresentação e experiência é uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional, permitindo que as pessoas conectem-se consigo mesmas. Nossa missão é mostrar que cantar vai além da música, é cuidar de si, se expressar e criar caminhos para uma vida mais plena”, finaliza Mylane Mutti.
Fotos: Diogo Florez