segunda-feira, outubro 20, 2025
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Corrida para crianças é uma prática saudável?

Ortopedista pediátrico da Clínica CICV, Walter Guimarães Cova Neto, alerta para os riscos musculoesqueléticos e importância da orientação médica

A corrida tem conquistado cada vez mais espaço entre as famílias brasileiras, e não apenas entre os adultos. Nos últimos anos, eventos esportivos voltados ao público infantil se multiplicaram, impulsionados pelo desejo dos pais de incentivar hábitos saudáveis desde cedo. Mas, com essa nova tendência, surge uma questão importante: será que as crianças estão preparadas para encarar longas distâncias?

Segundo o ortopedista pediátrico da Clínica CICV, Walter Guimarães Cova Neto, a resposta depende de diversos fatores, como idade, preparo físico e intensidade do treino. “Crianças podem e devem ser estimuladas a se movimentar, mas é preciso respeitar o tempo do corpo em desenvolvimento. O que deve prevalecer é o caráter lúdico e saudável da corrida, e não a busca por performance”, explica.

A prática precoce e contínua da corrida vem sendo associada a um aumento de casos de lesões musculoesqueléticas, especialmente a doença de Sever, inflamação no calcanhar, e a doença de Osgood-Schlatter, comum na adolescência, que causa dor e inchaço na região abaixo da rótula. “Essas condições estão relacionadas ao impacto repetitivo em estruturas ainda em crescimento. Além da dor, podem causar inflamação e até deformidades ósseas se não houver pausa adequada”, destaca o ortopedista.

Apesar dos riscos quando mal conduzida, os benefícios da corrida na infância são inegáveis. A prática ajuda a desenvolver a coordenação motora, melhora o equilíbrio e a resistência cardiovascular, fortalece músculos e ossos e ainda contribui para o controle do peso e da glicemia, prevenindo doenças como obesidade e diabetes tipo 2. De acordo com o médico, o ideal é que a corrida seja introduzida de forma gradual e com foco recreativo. “Provas de 5 km devem ser reservadas para adolescentes a partir dos 14 anos, e distâncias maiores apenas para maiores de 18”, recomenda.

Entre as principais orientações aos pais estão ouvir as queixas das crianças, manter um registro das atividades e alternar modalidades para evitar sobrecarga. Sinais como dor persistente nos joelhos, canelas ou calcanhares, inchaço, rigidez nos movimentos, cansaço excessivo ou falta de motivação indicam que o corpo precisa de descanso e de uma avaliação médica.

“O exercício físico deve promover saúde, e não risco. A corrida, quando bem orientada, é uma aliada poderosa no crescimento e no desenvolvimento global da criança”, destaca Walter.

Foto: Freepik

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