O governo dos Estados Unidos oficializou, na quarta-feira (30), a elevação das tarifas sobre produtos brasileiros. A ordem executiva, assinada pelo presidente Donald Trump dois dias antes do previsto, entra em vigor no próximo dia 6 de agosto e estabelece uma sobretaxa de 40%, que se soma aos 10% já aplicados em abril, totalizando 50% de tarifas adicionais sobre as exportações do Brasil para os EUA.
Apesar do impacto expressivo, cerca de 700 produtos foram poupados da medida. Entre os itens isentos, estão suco de laranja, celulose e aviões da Embraer — este último, um dos setores estratégicos para a relação bilateral. Também ficaram de fora da taxação energia, castanhas, fertilizantes, compostos químicos, insumos de madeira, minérios, carvão e metais preciosos.
De acordo com estimativas preliminares do governo federal, 44% das exportações brasileiras ao mercado americano escaparam das sanções. No universo de aproximadamente 4 mil itens exportados, 694 produtos não foram incluídos no tarifaço.
Ainda assim, os efeitos sobre a economia brasileira serão relevantes. Café, roupas, frutas, carnes e pescados permanecem entre os setores atingidos. A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) estima que o impacto no setor de carnes será de US$ 1 bilhão só no segundo semestre de 2025. No setor calçadista, que também continua a ser penalizado e tem nos EUA seu principal parceiro comercial, o impacto é direto: ao menos 8 mil empregos estão em risco.
No Palácio do Planalto, a determinação é intensificar o diálogo diplomático com Washington antes da entrada em vigor das novas tarifas. Após semanas de tentativas, o chanceler brasileiro Mauro Vieira conseguiu se reunir com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, abrindo uma nova frente de negociação. O governo brasileiro também estuda articular apoio junto a governadores de estados americanos que dependem de insumos importados do Brasil e podem sofrer impactos diretos com o aumento dos preços.
Apesar das exceções, o tarifaço contra o Brasil segue sendo um dos mais severos impostos pelos Estados Unidos a um parceiro comercial nas últimas décadas.