População é orientada pelo Inema e Projeto Tamar a preservar ninhos e colaborar com ações de proteção que seguem até março
O Litoral Norte da Bahia inicia, neste mês de setembro, a temporada de reprodução das tartarugas marinhas, que se estende até março de 2026. Durante esse período, a região deve registrar cerca de 10 mil ninhos, consolidando-se como um dos principais locais de desova dessas espécies no Brasil.
De acordo com Alberto Vinícius Dantas, coordenador de Gestão da Fauna (CGFAU) do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), as ações de resgate e proteção das tartarugas são realizadas em parceria com instituições como o Projeto Tamar. Ele destaca ainda que o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) é responsável pelo atendimento de animais debilitados, garantindo o encaminhamento adequado para unidades especializadas.
“A gente trabalha com os parceiros, e entre eles está o Tamar. O Centro de Triagem faz o resgate desses animais quando é necessário e realiza o encaminhamento para as unidades que mais lidam com esse tipo de atendimento”, disse Dantas, que também é médico veterinário.
Atenção redobrada em todo litoral baiano
O coordenador lembra ainda que o litoral da Bahia, com 1.100 quilômetros de costa, recebe diferentes espécies de tartarugas marinhas, todas ameaçadas de extinção. Conforme Dantas, as fêmeas enfrentam impactos causados pela ação humana durante a desova e, muitas vezes, chegam debilitadas às praias, momento em que ocorre o resgate.
Já Paulo Lara, da Fundação Projeto Tamar, explica que a presença das tartarugas é resultado de um ciclo migratório que abrange grandes distâncias.
“Todos os anos elas vêm aqui na Bahia para se reproduzir. Há animais que chegam da África e da Argentina. A temporada começa agora, entre a primavera e o verão, e a expectativa é mantermos a média de 10 mil ninhos no Litoral Norte”, afirmou.
Colaboração da população é essencial
A participação da população é essencial para a preservação das tartarugas e de seus filhotes. Entre as principais recomendações estão:
- Manter as praias escuras à noite;
- Não apagar rastros deixados pelas fêmeas;
- Não remover estacas de marcação dos ninhos;
- Evitar obstáculos na areia que dificultem o deslocamento dos animais.
O tráfego irregular de veículos nas praias é um problema crítico. Luiz Cláudio, especialista ambiental do Inema e gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) Lagoas de Guarajuba, alerta que a poluição luminosa proveniente de residências e condomínios interfere no comportamento das tartarugas, inibindo a postura das fêmeas e desorientando os filhotes.
Normas de proteção e fiscalização
Durante a temporada de desova, é proibido manusear ovos ou filhotes, permitir que cães circulem nas áreas de desova, trafegar com veículos na areia ou usar rastelos que apaguem os rastros das tartarugas. Também é proibida a instalação de luminárias a menos de 50 metros da maré alta, conforme a Lei Estadual nº 7.034/1997.
Em Camaçari, a Lei Municipal nº 431/1999 reforça a preservação, proibindo o trânsito de veículos automotores e de tração animal nas praias. O cumprimento dessas normas é essencial para garantir a sobrevivência das tartarugas marinhas e manter o equilíbrio do ecossistema costeiro.
Importância ecológica e turismo sustentável
A temporada de desova não é apenas um evento natural, mas também uma oportunidade para educação ambiental e turismo sustentável. O acompanhamento das equipes do Inema e Projeto Tamar permite que visitantes aprendam sobre a vida das tartarugas, a importância da preservação marinha e a necessidade de respeitar regras locais.
A expectativa é que a temporada de setembro a março fortaleça a proteção das tartarugas marinhas, garantindo que as novas gerações tenham maior chance de sobrevivência e contribuindo para a manutenção da biodiversidade no Litoral Norte da Bahia.
