Peça de teatro marca abertura de festa literária em Salvador
Tradicionalmente lotado durante o carnaval ou em shows musicais, o Pelourinho teve um público diferente na noite desta quarta-feira (6): amantes da literatura e do teatro ocuparam o centro histórico de Salvador para a abertura da nona edição da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), o maior evento literário da Bahia.
A abertura foi marcada pela apresentação do musical “Os Dias Bem Amados: vida e obra de um autor baiano”, dirigido por Gil Vicente, em homenagem ao escritor e autor de novelas Dias Gomes (1922–1999). A escolha do espetáculo sinaliza o tom da Flipelô 2025: a valorização da dramaturgia como ponte entre literatura e outras artes.
“O grande chamariz da Flipelô é que ela transforma o coração da cidade — que é o centro histórico — no Carnaval das Letras e da literatura”, afirmou Deco, curador da Vila Literária e do Espaço para Infâncias Mabel Velloso.
Programação para todos os públicos
Com eventos gratuitos até domingo (10), a Flipelô ocupa cerca de 150 espaços públicos e privados do Centro Histórico. A expectativa dos organizadores é ultrapassar os 250 mil visitantes da edição passada.
A programação inclui saraus, shows, oficinas, mesas de debate, lançamentos de livros, exposições, teatro e até uma rota gastronômica. Destaques deste ano incluem a presença de autores internacionais como Adelino Timóteo (Moçambique) e GauZ (Costa do Marfim), além de nomes consagrados da literatura nacional e regional.
“A programação deste ano está riquíssima, dialogando com muitos gêneros literários, com muitas formas de escrita e com diversas artes”, destacou Deco.
Literatura para todas as idades
O Espaço Mabel Velloso foca no público infantil, com autores como Flávia Lins e Silva, Elisama Santos, Lázaro Ramos, Alexandre Coimbra Amaral e Emília Nunes, todos voltados para uma literatura que coloca a criança como protagonista das histórias.
Já a Vila Literária, montada no Largo Tereza Batista, atrai o público jovem com debates, batalhas de desenho ao vivo e o inédito desfile cosplay discotecado, que acontece nesta quinta-feira (7).
Depoimentos do público
A força da Flipelô se reflete nos relatos de quem frequenta o evento. O escritor Davi Boaventura, autor dos livros “Talvez não tenha criança no céu” e “Mônica vai jantar”, destaca a importância da festa para a cena literária local.
“A Flipelô movimenta muito a cidade. É muito bom ver a literatura sendo celebrada num espaço onde as artes já são tão fortes”, afirmou.
Já a professora Flávia Lima, que participa da Flipelô pela terceira vez, vê no evento uma grande oportunidade de troca cultural.
“É um momento em que a cidade se abre para autores que só conhecíamos pelos livros. Já fiz minha programação para acompanhar de perto nomes como Elisama Santos, Lázaro Ramos e Sofia Oliveira.”
Nem só os soteropolitanos estão marcando presença. A bibliotecária Elisabete Veras, do Rio de Janeiro, veio exclusivamente para a Flipelô.
“É uma festa que vale muito a pena. Essa interação entre autores e leitores num espaço tão simbólico é uma experiência única”, disse.
Tributo a Jorge Amado encerra o evento
A festa termina no domingo (10) com um tributo ao escritor Jorge Amado, um dos maiores nomes da literatura brasileira, com apresentação de uma orquestra no Pelourinho. A Flipelô é uma realização da Fundação Casa de Jorge Amado e conta com o apoio do Ministério da Cultura.