O novo momento do design de interiores valoriza peças de artesanato e com identidade. Segundo a arquiteta e designer de interiores Mila Caramelo, do escritório MC8 Interiores, “Mais do que uma tendência estética, o uso do artesanato no design de interiores representa um compromisso com a sustentabilidade ambiental, econômica e cultural, fortalecendo o vínculo entre o design e a cultura popular, e promovendo uma forma mais ética e sensível de habitar o mundo”. Esse resgate se reflete na crescente presença de objetos artesanais nos projetos de design de interiores e arquitetura. A ideia é criar composições mais criativas, personalizadas e expressivas, mesclando peças feitas à mão com elementos contemporâneos. Um verdadeiro mix que enriquece os ambientes com história, textura e originalidade.


O projeto Casa Maré, uma residência com linhas biofílicas na Praia do Forte, cujos traços levam assinatura de Antonio Caramelo, apresenta dois andares integrados à natureza através de grandes janelas, cobogós e decks, a arquiteta deu um toque rústico, através do uso de materiais naturais, como madeira, cerâmica e palhinha. Na varanda de inverno, o cobogó da Manufatti Revestimentos divide o espaço com o forro artesanal de dendê. Na decoração, o Terço do Atelier Roberto Dias reina na parede principal e as cerâmicas do ateliê Mircia Verena cheias de história encantam nos detalhes. Por ser uma casa no Litoral Norte da Bahia, o algodão e o linho trazem o frescor e o conforto em todos os espaços.
A nova era do design de interiores adota uma linguagem mais artística e sensível, redescobrindo a estética e os valores do movimento Arts & Crafts, iniciado na Inglaterra por volta de 1880. Esse movimento surgiu como uma resposta à crescente industrialização da época, propondo um retorno ao feito à mão, à autenticidade e à valorização do trabalho artesanal. “Além de imprimirem identidade e caráter aos espaços, os objetos artesanais possuem características únicas que os tornam especiais. Valorizar o artesanato local é, também, uma atitude consciente e sustentável “, conta a arquiteta. “Promove o uso de materiais naturais e disponíveis na região, como fibras, madeira e barro; estimula práticas de reciclagem e reaproveitamento; e fomenta a inclusão social, gerando trabalho e renda para comunidades tradicionais” , aponta.