Especialista explica como o equilíbrio metabólico e a correção de deficiências nutricionais são fundamentais para resultados duradouros
A obesidade é uma das principais doenças crônicas do século XXI e já atinge mais de 22% dos brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma condição multifatorial, ela está associada a mais de 200 enfermidades, incluindo diabetes tipo 2, hipertensão, infertilidade e até alguns tipos de câncer. Diante desse cenário, a nutróloga Suzana Viana reforça a importância de um olhar médico ampliado sobre a doença, que considere fatores metabólicos, hormonais e comportamentais.
De acordo com Suzana, a obesidade não se resume à ingestão excessiva de calorias. “É uma doença complexa que envolve fatores genéticos, hormonais, emocionais e ambientais. O papel do nutrólogo é identificar e corrigir desequilíbrios bioquímicos e nutricionais que dificultam o emagrecimento e contribuem para a inflamação crônica. O tratamento precisa ser individualizado, contínuo e acompanhado de perto”, explica.
Um dos conceitos centrais para entender a cronicidade da obesidade é o do set point — uma espécie de “ponto de ajuste” biológico do organismo que tende a manter o peso corporal dentro de uma faixa pré-determinada. Quando uma pessoa permanece meses acima do peso, o corpo passa a reconhecer esse novo patamar como normal e ajusta seu metabolismo para preservá-lo. “O que se sabe é que o set point não regula novamente para menos, o que explica a obesidade ser uma doença crônica”, detalha Suzana.
Quando ocorre emagrecimento, o organismo entende a perda de peso como uma ameaça à sobrevivência e aciona mecanismos de defesa: o metabolismo basal diminui, o apetite aumenta e há maior liberação de grelina (o hormônio da fome), enquanto a produção de leptina, responsável pela saciedade, cai. Essas adaptações fisiológicas dificultam a manutenção do peso perdido e favorecem o reganho, mostrando por que o controle da obesidade requer acompanhamento médico e mudanças sustentáveis no estilo de vida.
“O acompanhamento médico e nutricional permite identificar causas metabólicas associadas ao ganho de peso, corrigir deficiências, ajustar o plano alimentar e evitar dietas restritivas que comprometem o metabolismo. Quando o paciente entende que precisa nutrir o corpo de forma inteligente, o tratamento se torna mais eficiente e menos desgastante”, explica a nutróloga.
Mais do que estética, o tratamento da obesidade deve ter como objetivo a qualidade de vida e a prevenção de doenças. “Peso saudável é sinônimo de saúde, não de aparência. O foco deve estar em bem-estar, disposição e equilíbrio, e não em padrões estéticos”, reforça Suzana.
Suzana Viana
Suzana Viana é médica formada pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (2013), com pós-graduação em Gastroenterologia pela Faculdade IPEMED (2019). Atua como nutróloga, auxiliando pacientes com problemas gastrointestinais, lipedema, disbiose, obesidade, menopausa e fertilidade.
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